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  • marioeduardogarcia

A Cesar o que é de Cesar

A Sala São Paulo é uma obra-prima da arquitetura e da engenharia, um espaço cultural que respira a história e tradição da estação ferroviária onde se aloja, aliada a uma espetacular concepção e construção do espaço cênico criado pela consultora especializada Artec. Conjuga admiravelmente o belo estilo histórico Luiz XVI do edifício com os elementos tecnicamente perfeitos de um teatro moderno, como geometria e layout, palco com formato variável, conforto ergonômico para todos, infraestrutura de apoio e acústica impecável. Completa os seus 25 anos como símbolo da cultura paulista e um importante ponto turístico de São Paulo, atraindo visitantes nacionais e internacionais que desejam apreciar sua beleza e funcionalidade.


Assistir a um concerto nesse espaço é um privilégio e um impulso de formação artística. Graças a seu legado e à ótima administração pela Fundação Osesp, o projeto possui um caráter democrático inato, que tornou a música sinfônica acessível a todas as classes sociais, refletindo sua missão educativa e inclusiva. Com uma política de ingressos que favorece a diversidade de público, oferecendo preços reduzidos e programas de gratuidade, ele promove a disseminação igualitária da cultura, permitindo que pessoas de diferentes origens econômicas e sociais possam desfrutar de espetáculos de alta qualidade. E a instituição se destaca como um espaço de convergência cultural, reafirmando seu compromisso com a formação de novos públicos e a valorização da música como patrimônio coletivo.


Essa realização não foi e não é obra de uma pessoa isolada, ela resulta de um esforço conjunto de políticos, administradores, músicos, arquitetos e engenheiros apaixonados pela arte e dos operários que assentaram cada tijolo. Tal empenho produziu um maravilhoso resultado, que se entrelaça com o desenvolvimento contemporâneo da própria cidade e da cena musical paulista e brasileira.


Os nomes dessas pessoas precisariam ser lembrados e gravados na história da árdua jornada que levou à concepção e implantação da Sala e hoje preside a sua ampla inserção social. Na impossibilidade de nomear todas, e até para não cometer injustiças por esquecimento, vamos concentrar em três delas, como representantes das demais, as homenagens que lhes são devidas.

 

Mario Covas não foi apenas o governador que, num período recorde de menos de uma quinzena, no final de 1996, recorreu à sua extraordinária visão estratégica para conhecer e aprovar o projeto. E garantir o seu financiamento em tempo hábil. Político excepcional e administrador público exemplar, sincero em sua preocupação com os reclamos de todos os segmentos da sociedade, sem exceção, ele foi também o engenheiro que acompanhou in loco a construção, em detalhes e em todo o seu transcorrer, uma garantia de qualidade técnica. Uma lástima que tenha se ido tão cedo, privando o Brasil de uma grande esperança de futuro.

 

A inacreditável contribuição de Marcos Mendonça ao projeto, em suas duas dimensões, a Obra e a Orquestra, um dia será contada nos seus pormenores e, então, passará a integrar a coleção dos mais notáveis “cases” da administração pública brasileira. Liderando as duas transformações, ele soube montar equipes, fazer escolhas e tomar decisões difíceis e intrincadas, sempre com acerto e com inaudita coragem. A prova: um projeto físico extremamente complexo, implantado pelo setor público dentro do prazo e do custo previstos; uma Orquestra que em um ano passou a interpretar o repertório com grande profundidade emocional e precisão; uma herança cultural e administrativa que moldou o DNA transmitido à excelente gestão permanente da Sala e da Orquestra, conduzida pela Fundação Osesp.


John Neschling foi a alma e o condutor artístico do projeto musical. Sobre o inesquecível legado de Eleazar de Carvalho, que lutou contra todas as adversidades para manter viva a chama do ideal, Neschling deu resposta cabal às expectativas nele depositadas, superando penosos encargos para criar um corpo orquestral que eleva a arte brasileira aos mais altos padrões, comparáveis aos melhores do planeta.


Finalmente, a homenagem ao músico brasileiro, o princípio vital de todo o projeto. Injustiçado durante décadas pela fraca demanda por profissionais e por péssimas condições de trabalho, o músico brasileiro provou que, ultrapassadas essas limitações, sua elevada qualificação artística lhe garante a condição de responsável último pela perenidade da Sala e da Orquestra, como símbolos da excelência da música de concerto. A maior realização do projeto se dará quando essas condições, que começam a se espraiar para alguns centros, venham a se estender por todo o país.


Crédito da foto: Wikipedia

1 Comment


Guest
Aug 18

Maravilha Dad!

Reconhecer e valorizar o team work é uma "humildade" que nao só engrandece, como é uma atitude q de fato conduz ao sucesso dos obejtivos


Cheers!

Orgulho!

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